É bem provável que recentemente você tenha ouvido falar sobre a importância da energia feminina, do sagrado feminino, sobre mulheres que estão em dor devido ao feminino ferido, da necessidade de conexão com esse feminino e até mesmo de práticas e rituais com o objetivo de curas nesse sentido.
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Parece que o tema está bem em alta, não é mesmo? Mas, o que muitas vezes não é explicitado é que todas as pessoas, independentemente do gênero, possuem o feminino e o masculino em si.
Não estamos falando de aspectos relacionados à sexualidade, mas sim de cargas. O feminino e o masculino são cargas energéticas que existem em todos. Quando equilibradas, permitem o fluir da vida de maneira satisfatória.
Polaridade
A carga feminina é simbolizada pelo útero da vida, como um receptáculo que necessita ser preenchido. Refere-se à interiorização e ao mistério, promovendo o olhar para dentro e a conexão consigo mesmo. A energia feminina é trabalhada no ato de buscar o âmago do próprio ser.
A carga masculina é representada pelo órgão masculinho, o falo, que é projetado para fora e preenche. Trata do externo, do olhar para fora. A energia masculina é trabalhada na observação da relação com os outros e com o mundo exterior.
Fluxo e equilíbrio
O emprego dessas cargas energéticas no dia a dia ocorre de modo espontâneo. Quando o masculino está em evidência, o movimento é de dar. O feminino, por sua vez, corresponde à postura de receber.
O dar e receber de maneira harmoniosa configuram um fluxo natural: o plantar e o ser fecundado, o projetar para fora e o trazer para dentro. Esse fluxo garante o ritmo perfeito da vida
Pensemos no funcionamento do nosso coração. Ele recebe o sangue e também o doa, cumprindo a função de bomba do sistema cardiovascular. Os sistemas digestivo e excretor seguem a mesma lógica: recebem os alimentos, fazem a digestão e absorção de nutrientes e água e doam, eliminando os resíduos desse processo.
Reflitamos também sobre o ciclo da água, no qual a água da chuva é recebida pelo solo e também doada de volta à atmosfera por meio da transpiração e evaporação. No processo de plantio, as sementes são doadas ao solo e recebe-se a planta germinada.
Poderíamos citar inúmeros exemplos justamente porque essa é a forma de funcionamento da nossa realidade.
Entretanto, se houver excessiva potencialização em uma das polaridades dessas cargas energéticas por um longo período de tempo, logo todo o sistema entrará em desequilíbrio.
Para comprovar isso é só imaginar o coração recebendo mais sangue do que consegue bombear ou o organismo eliminando mais nutrientes do que recebe. Configura-se um desajuste.
No âmbito energético ocorre o mesmo. Os desequilíbrios entre as cargas masculina e feminina levam à desarmonia interior e com o mundo exterior e a processos de dores da alma.
Feminino não é passar batom
Quando ouvir alguém falar sobre o feminino ou energia feminina ou mesmo sagrado feminino, interprete essa informação como o receber. Avalie o quanto o potencial de receber está sendo negligenciado em determinada circunstância ou o quanto a pessoa só está interessada em receber ou mesmo que não está sabendo receber e só quer doar a todo momento.
Outra reflexão válida é sobre a associação comumente feita do potencial feminino com o cuidado com a aparência física. É possível sim que o processo de interiorização característico do feminino promova um desejo de dar mais atenção ao autocuidado e, para algumas pessoas, autocuidado significa se arrumar esteticamente.
Entretanto, se o processo de cuidar da beleza, como passar batom, por exemplo, tiver como principal motivação o externo, como mostrar para os outros ou sentir-se mais segura diante dos outros, a energia que está sendo potencializada é a masculina, pois o foco está no exterior.
Problemas de esquecer do feminino
Muitos dos desequilíbrios emocionais e processos de insegurança comuns em nossa sociedade atual são decorrentes da não conexão com a própria carga feminina. Fomos treinados a apenas olhar para fora, buscando realizar metas e objetivos exteriores.
O não olhar para dentro, não se observar e saber identificar o que realmente falta, fazendo só o que o mundo colocou como exigência tem como consequência a falta de autoconhecimento e a dor por não saber quem é. É a angústia da saudade de você.
Se quiser mudar esse cenário, o acompanhamento com um psicanalista espiritualista com certeza será um grande aliado no processo de equilibrar suas próprias cargas energéticas masculina e feminina.
Texto: Bia Albuquerque (@biaaterapeuta), terapeuta energético-espiritual, humanoterapeuta, psicanalista espiritualista, facilitadora do Círculo da Vida e ledora de baralho terapêutico
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