Todos nós somos movidos em busca de conquistas e realizações, carregamos em nossa essência o impulso da vida, e por isso, naturalmente desejamos criar, transformar e ser transformados através de nossas experiências, sair de um estado de consciência, uma situação e alcançar outro mais elevado. De início, uma busca por uma situação mais favorável, mas que realmente não temos total certeza do que será exigido de nós para sustentar tal coisa. Porém, quantas vezes durante esse processo, silenciamos nossa vontade de realização e verdadeiramente nos colocamos em reflexão? Mesmo quando o universo parece deixar tudo estacionado à nossa volta, tal como um sinal de que agora é preciso um pouco mais de calma! Veja o ensinamento por trás de uma das cartas mais misteriosas e enigmáticas do tarot, “ O Pendurado”
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A gente espera do mundo e o mundo espera de nós
Um pouco mais de Paciência. Começamos com esse conselho da música do cantor Lenine e não é à toa – principalmente para aqueles que nasceram até a geração Y (1996), esse texto pode se encaixar como uma luva.
Desde que nascemos, somos carregados pelas expectativas alheias, sejam elas conscientes ou não. Afinal, filho é como uma promessa de vida e de felicidade, é um marco na vida de uma pessoa. Mas é humanamente impossível deixar de colocar uma expectativa naquilo que tanto se ama ou deseja, e é aí que a complexidade é esquecida, as suposições ultrapassam os limites e se transformam em objetivos já traçados e programados, com uma esperança traiçoeira de querer o bem do que se “tem”. Somos empurrados em uma direção e que pouco a pouco, ao crescermos e tomarmos conta da nossa individualidade, somos também convidados por uma consciência elevada que gere todo o cosmos a dançar com o conflito das diferenças dessas expectativas alheias e das nossas próprias expectativas.
“O Pendurado” em nós
Essa batalha íntima pode durar anos, até que verdadeiramente, cansados de dar murro em ponta de faca, somos vencidos pelo cansaço mental, emocional ou ainda nos casos mais graves, pelas desordens psicossomáticas que afetam o nosso físico.
Vemos então um obstáculo, sem identificar que por mais tempo que tenha passado, ele é momentaneamente intransponível, uma barreira que se coloca diante de nós de uma forma tão concreta, quase palpável, em razão da agonia, inquietação e frustração que foi desperta em nosso íntimo, mas ainda estranhamente invisível. Nós sabemos que tem algo para ser feito, mas as expectativas são tão altas e ambíguas que não nos deixam espaço para conversar com nossos sentimentos, emoções, fé racional a outra face da força que rege o mundo. Confúcio, o filósofo chinês, escreveu que tudo no universo busca o equilíbrio, mas para alcançar isso, se movimenta no sentido do desequilíbrio, até que a força antagonista seja tão prevalente, que força o reequilíbrio das coisas. É física! Quanto maior a desproporção energética, maior será a força de retorno para o estado de equilíbrio.
Quando o corpo pede um pouco mais de alma
Os símbolos presentes no arcano “ O Pendurado”, do tarot, são extremamente claros e sua posição totalmente estratégica, pois antecede a carta da Morte (como fim de um ciclo), simbolizando exatamente o tempo e a agonia que antecedem esse fim.
Significado do “O Pendurado” em nossa construção
A imagem da carta é composta por um ser humano, pendurado pelo pé direito (refletindo o hemisfério direito do nosso cérebro, relacionado à observação e interpretação do mundo ao nosso redor. É ele quem analisa as situações em geral e oferece uma resposta imediata, um movimento racionalmente planejado). Sua perna esquerda se curva por detrás da direita e estranhamente forma o número 4. De acordo com a Numerologia Pitagórica, esse número reflete tudo aquilo que é tangível, sólido e material. Suas calças são vermelhas representando o movimento, o impulso, a força da vontade. Todos esses elementos nos indicam o desconforto que tanto queremos evitar, nenhum movimento externo resolverá. Será preciso lidar com a lentidão, paralisação, a demora da conquista. Mas de forma antagônica, a parte inferior da carta “O Pendurado” nos mostra a tranquilidade na face do ser. Com suas mãos (símbolo da destreza e atitude) para trás, fica difícil dizer se ele mesmo se colocou ali e se pode se desamarrar; uma auréola em sua cabeça indicando uma serenidade e iluminação; uma camisa de cor azul, que nos lembra a água em movimento, um elemento que representa origem da vida, a regeneração corporal e espiritual. De fato, a carta “ O Pendurado” é um mistério! Mas também a representação de que o trabalho é interno, será preciso depurar nossas motivações e emoções, esmiuçar as expectativas alheias e também as nossas expectativas, evitando assim o prolongamento da miserável condição que pode nos levar para a indiferença, de não se importar mais com o desconforto que vivenciamos evitando ainda mais a responsabilidade de com nossas próprias mãos nos desamarrar.
Texto: Felipe Bezerra é Tarólogo, Astrólogo e Terapeuta Holístico na Origem Therapias
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