“Vi um menino sentado na encruza, perguntei o que é que foi, perguntei o que é que faz?…”. É a vez dele, Exu Mirim – essa figura tão misteriosa, emblemática e polêmica, onde muito se fala, mas pouco realmente se sabe. Esses grandes trabalhadores dos terreiros onde baixam desfazem magias negativas, limpezas e auxiliam as pessoas em suas realizações pessoais. Eles são mirins apenas no nome, pois são peritos e profissionais em seus trabalhos. Por isso, não se deixe enganar pelo seu tamanho. Afinal, essa figura vai conquistar o seu coração com o seu jeito simples, travesso, às vezes ranzinza, às vezes brincalhão.
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Exu Mirim, o sincretismo e o dia da semana
Exu Mirim possui sincretismo com São Longuinho. Afinal, ambos são baixinhos e muito bons em nos ajudar a encontrar coisas – principalmente a nós mesmos quando nos perdemos de nossa essência e desviamos do caminho de nosso coração. Tendo Santo Antônio ao lado de Exu, sua data de comemoração é bem difusa. Afinal, alguns comemoram no dia 13 de Junho (data do santo casamenteiro), mas em outros lugares, 13 de Agosto. Suas cores são preto e vermelho e o dia da semana é segunda-feira.
Mas quem são os mirins?
É muito difícil definir ou padronizar aquilo que habita no plano das encantarias, da poesia e do abstrato. Em alguns lugares, os mirins – tanto Exu Mirim como Pomba-Gira Mirim são Orixás, ou seja, forças cósmicas e universais que atuam diretamente e indiretamente na vida de todos. São entidades que atuam nessa vibração e que são encantados da natureza, nunca passando pela experiência carnal. Já em outras culturas, são espíritos com história e vivência terrena. Porém, uma coisa é certa: Exu Mirim não é filho de Exu e Pomba-Gira, tampouco são crianças marginalizadas, que usavam coisas ilícitas, cometiam delitos, viviam em situação de rua e que desencarnaram – Pomba-Gira Mirim, então, não cabe aqui as barbáries que falam a respeito de sua origem.
A má-fama…
É certo que, assim como todas as outras linhas das religiões afro-brasileiras, os ataques ao Exu Mirim não são diferentes. Histórias para assustar ou depreciar essas figuras, associando-os a seres diabólicos que somem com os seus objetos, puxam o rabo de gatos e cachorros, provocam acidentes, fazem magia negativa para prejudicar a vida das pessoas ou que levam crianças e adolescentes a cometerem delitos. É preciso lembrar que não existe “criança de rua”, mas sim crianças e pessoas em situação de rua, abandonadas por suas famílias e varridas para debaixo do tapete pelo Estado.
E a verdade!
Sendo assim, Exu Mirim, pelo contrário, torna-se uma figura que representa a conscientização e a luta. Por isso, é importante salientar que religião é o religar com o divino – tudo que for o contrário disso não é religião e, logo, não tem nenhuma relação com estas entidades que no terreiro são sacras e tanto admiramos, respeitamos e temos carinho. Suas travessuras servem para nos trazer alegria, axé, movimento e energia – e, assim como os erês, para que nunca nos esqueçamos como é ser criança e enxergar a vida com leveza, pois é com sua gargalhada que Exu Mirim se faz a encruzilhada do sagrado com o profano.
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