“Seu colar é de concha, seu vestido se arrasta na areia, ela tem cheiro de mar, ela sabe cantar, ponto de sereia…”. Como diz a canção de Kiko Denucci, considerada Rainha dos Mares e Padroeira dos Pescadores, Iemanjá é quem cuida da cabeça e do coração de todos aqueles que nela creem, trazendo equilíbrio para as emoções e os corações que, assim como as ondas do mar tem a suas oscilações, o ser humano também possui suas fases. Afinal, todos os rios vão para o mar e os mares ligam o mundo.
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As faces da Deusa
Iemanjá é comumente confundida ou sincretizada popularmente com outras figuras, como por exemplo, Janaina – divindade da cultura dos povos originários, cujo nome no tupi significa “mãe das águas”. Além disso, também com santas católicas, justamente pelo arquétipo que representa a Grande Mãe. No sincretismo, é comum associar a Orixá com Nossa Senhora das Candeias, Nossa Senhora dos Navegantes e Nossa Senhora da Conceição-por isso, até, existe a confusão com a data celebrada; uns comemoram dia 08 de dezembro (Conceição) e outros, 02 de fevereiro (Navegantes).
Por isso, é importante lembrar que essa mistura fez com que, ao longo do tempo, acontecesse um apagamento e apropriação histórica para que a associação com a Igreja Católica ficasse ainda mais em evidência. Porém, mesmo que de maneira simbólica exista alguma semelhança, suas origens são distintas, pois Iemanjá pertence ao panteão iorubá, assim como de outras divindades, que carregam os traços e características de seu povo, o que nos leva a necessidade de sempre enaltecer a história.
Aquela que abraça a todos
Essa orixá, tão cultuada e popular, possui uma história de origem e simbolismos tão profundos quanto suas águas. Seu culto de ascendência como divindades dos rios pelos Iorubás, cultuada nas margens do rio Yemonja, na Nigéria, ganha o título de deusa dos mares apenas quando chegou em terras brasileiras junto de seus filhos – que foram trazidos cativos, afastados de suas famílias e de suas terras.
Essa mulher se transformou não apenas na divindade das águas, mas na figura de uma grande mãe que abraçou e conectou uns aos outros às suas raízes ancestrais. E assim, como todo rio que tem como destino o mar e as ondas, conectando todos os continentes, povos e culturas, Iemanjá hoje abraça todos os que nela depositam sua fé, representada por características físicas que trazem a abundância e alimento, nutrindo suas filhas e filhos. Iemanjá, cujo nome tem como significado “a mãe que os filhos são como peixes”.
Simpatias e rituais para Iemanjá
Em honra e respeito a toda ancestralidade e conexão que essa Mãe representa, existem algumas simpatias e rituais que os ajudam a conectar com a força e energia de Iemanjá. Podemos buscar a sua força também quando estamos desejando criar novos projetos ou quando ansiamos por inspiração, calma e equilíbrio emocional.
Para ter inspiração e força para criar novos projetos
Acenda uma vela azul clara em seu lugar sagrado (altar ou oratório) e agradeça. Peça licença e a benção de Iemanjá, firmando o pensamento no objetivo que deseja alcançar. Junto da vela, coloque um copo de água e acenda incensos (lavanda, alfazema ou camomila). Se preferir, pode enfeitar o lugar com rosa branca, manjericão, alfazema ou Palma Branca. É importante lembrar sobre os rituais feitos em casa.
Banho para trazer calma na energia de Iemanjá
Ferva um punhado de rosas brancas. Após deixar descansando e quando estiver em uma temperatura branda, coe e, após seu banho de higiene, despeje a água da cabeça aos pés. Peça calma, serenidade e compressão enquanto faz o ritual. Faça, de preferência, em uma sexta-feira.
Firmeza para trazer equilíbrio emocional e mental
Em um copo com água, coloque 3 colheres de sal ou água do mar. Escreva seu nome completo e coloque dentro do copo. Depois, cubra o recipiente com um pires branco e acenda uma vela azul clara ou branca pedindo para Iemanjá trazer equilíbrio para o seu mental e emocional. Lembre-se que é muito importante sempre pedir licença e respeitar a natureza, pois é a maneira mais correta de cultuar o sagrado.
Que a grande mãe das águas possa acalmar as tribulações das ondas de nossas mentes e que nessa encruzilhada de mundo, onde o mar liga todos as nascentes, povos e corações, que nossos ancestrais possam, com orgulho, nos oferecer caminhos. Pois, assim, não nos esquecemos que apesar das duras lições, mesmo separados por continentes, cercas e corpos, em alma, somos todos irmãos.
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